Bem, voltamos ao dia 28 de julho de 2005. Havia combinado com uma amiga de apresentá-la a noite paulistana. Ela havia acabado de retornar dos EUA e queria conhecer algum barzinho por aqui. Daniela foi outro anjo da guarda que Deus colocou em nossas vidas pois entrou nessa história apenas para dar o empurrãozinho que faltava para conhecer seu pai. Devo ter visto a Dani apenas umas 4 vezes na vida e somente 1 vez depois deste dia. Aquelas pessoas que entram e saem do nosso mundinho e nem mesmo sabemos o porquê. Sugerí três bares de SP e ficamos de optar por um deles a noite. Neste dia a tarde, seu pai resolve me ligar. Todo sem graça, morrendo de vergonha e eu mal dei atenção para ele pois estava enrolada com outras coisas. Foi quando ele me disse que iria ao Bar Lanterna com uns amigos. Justamente um dos bares que eu havia sugerido a Dani... Achei engraçada a coincidência, mas nem comentei. Perguntou se eu não queria aparecer por lá e eu soltei um " Se der eu vou". Aquele assim... para encurtar a conversa e desligar.
Pois bem, a noite fui pegar a Dani em sua casa. Perguntei-lhe qual barzinho ela gostaria de ir.
- Olha, Ana eu não conheço nenhum deles... qualquer um para mim está otimo!
- Engraçado Dani, hoje ligou um doido da net que nunca ví e me disse q iria para o Lanterna. Coincidência, né?
- Ana, então já temos o bar escolhido! Vamos ao Lanterna!
- Que isso Dani .. eu não tenho coragem, imagina!
- Mas Ana, é muita coincidência que no meio de trocentos bares de São Paulo ele tenha te convidado para o mesmo bar ... Ele pode ser a sua alma gêmea! Vamos para lá!
Aceitei ir contrariada, com a condição de que não forçaríamos nenhum encontro com ele. Se desse certo de o reconhecer, tudo bem. Já no mezanino do bar vejo seu pai chegar. É filho, no meio de tanta gente chegando, lá do alto, percebí na hora que era ele! Meu coração saía pela boca. Eu mesma nunca entendí esse samba que aconteceu dentro de mim naquele dia. Sensação essa que creio que guardarei a vida inteira. Não fomos ao encontro dele. Mas em um momento, no meio da noite, o destino nos fez reencontrar. Na hora ele me reconheceu, sorriu e... passou reto! Homem tímido esse... Fiquei com uma raiva danada. Moleque atrevido! Dez segundos depois, ele decide voltar atrás e ir conversar comigo.
Ficamos a noite inteira conversando. Tá certo que a timidez dele fez com que ele passasse mais tempo conversando com a minha amiga do que comigo. E foi só no fim da noite que um beijo aconteceu. Nessas ironias do destino, a música que tocava no momento do beijo era essa velhinha do Cazuza:
O Nosso Amor a Gente Inventa
O teu amor é uma mentira, que a minha vaidade quer
E o meu, poesia de cego, você não pode ver
Não pode ver que no meu mundo , Um troço qualquer morreu
Num corte lento e profundo, entre você e eu, eu
O nosso amor a gente inventa, pra se distrair
E quando acaba a gente pensa, que ele nunca existiu
O nosso amor a gente inventa ...
Te ver não é mais tão bacana, quanto a semana passada
Você nem arrumou a cama, parece que fugiu de casa
Mas ficou tudo fora de lugar , Café sem açúcar, dança sem par
Você podia ao menos me contar ...
Uma história romântica ... Ah!
Ficou marcada como a nossa música. Ela não é nada romântica, eu sei. Mas ela traduz um momento divino que aconteceu entre a gente, isso sim. Simplesmente tinha que acontecer. Daquele jeito... como foi.
A poesia mesmo deste dia está para se eternizar em 2 meses, quando você chegar.
